Soa algo muito, grande
Difícil de mensurá-la
Talvez impossível.
É fruto do sentimento
Profundo, descontrolado
Por vezes, indefinível.
Nasce, corrompe, não morre
Vive nas entranhas obscuras
Do prazer individual.
Chega, abalroa e permanece
Forte, sagaz e entontece
Sem paralelo, sem igual.
Mas como exprimir, ser fiel
À sensação tão impertinente
Ardente, controladora,
Sem envolver tantos ais
Abrigando dentro de si
Tal inspiração dominadora?
Assim que se manifesta
É certeira, sem volta
Viaja a mundos surreais.
Abre portas sem chaves
Penetra no âmago dos seres
Sem se conter mais.
É incompreendida, admirada
Abala todas as estruturas
Desequilibra o eixo central.
É temida, mais é vivida
Move quaisquer mundos
Quiçá o motriz universal.
O impulso é fiel companheiro
Incessante, ávido, provocante
Enaltece a todo o momento.
Não descansa, surge e cria
Rabisca, desenha e pinta
Borda na alma o acalento.
Intensidade nas formas, traços
Nos trejeitos, nos laços
Muito mais nas divagações.
Nas idas e vindas, nas trocas
No tilintar das lindas taças
Que arrebata as emoções.
Uma força que quase mata
Maltrata, faz fugir, sorrir
Chorar e voltar ao ser.
Numa infinitude de manhas
Artimanhas que inebriam
Cintilando cada amanhecer.