Poesia

Janela

“Quem me pagará o enterro e as flores, se eu morrer de amores?”
(Vinícius de Moraes)

Abre a janela quando acordar. Eu terei pintado telas no horizonte do cerrado para te fazer sorrir embobecido e safado, olhando para fora e pensando.
Abre os olhos com força e observa tuas paredes foscas, eu as rabisquei como a um papel incólume. Escrevi todos os detalhes dos nossos amores, desenhei todas as nossas gotas de suor em estranhos lençóis íntimos.
Se te afligires olha para cima e vê nosso retrato móbile, refletido enorme. Meu corpo no teu, encaixados os dois como perfeitas peças de lego, enquanto conversamos bobagens até o dia amanhecer.
Eu escrevi, e agora teus passos ressoarão nas calçadas da cidade que te espera todo dia. Teus cabelos têm o cheiro do perfume que não some, e minhas mãos agora têm a essência do teu óleo natural.
Dorme meu amor, descansa, repousa sobre meu corpo que te chama e sossega em minha boca que te clama.

Denise Veras Denise Veras Autor
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