Poesia

A Era da Poesia

(“A poesia não resolve, mas revolve”.)

O princípio!

A lança sagrada das palavras cortava os ares,
- Sem volta!
E o homem sublime curvava-se aos seus pés.
No rastro da vassoura da inspiração,
Refugiavam-se os acorrentados do Dom;
Sem dó se lia, se ria, se doía...
No princípio da Era das sensações poéticas.

O meio!

A lança sagrada das palavras sangrou a calma.

Partiu o negror da nudez da minh’alma
Olvidada, até então, pelo brilho do falsete ensaio,
Envolto no fardo da rotina de silêncio mordaz;
Sorvendo a rixa dos deuses em riste
Invoquei, ante a demasia dessa mansa teimosia,
A minha primeira rima, em rebeldia.

Revi homens curvados ao revés,
Em fuga. No rastro desta louca insidiosa tentação;
Versejei acorrentado pela clemência do Dom,
Ouvindo-me: sem dó me lia, me ria, me doía...
Levanto-me, enredo-me em suas asas, levito..
Vejo a vaga idéia do princípio do precipício
Em que um dia sucumbirei como aprendiz de poeta...

O fim!

Na nova Era das sensações poéticas, revolver-se-á a poesia
Sob a cova, sobre o osso... Sob os céus!
Na apatia da substância da imperfeição humana.

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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