Poesia

Os olhos da esfinge

Não me olhes assim, Esfinge
Com esses olhos negros de esfinge
Com essas lágrimas frias de dor

Não sussurres assim, Esfinge,
Enigmas que eu não entendo ou quero entender.
Não me tortures assim, que eu não saiba mais quem sou
Ou a que vim ou aonde vou,
Que qualquer caminho baste

Não me olhes assim, Esfinge, não dispa minha alma tímida.
- aqui é frio, você bem sabe.
(apesar dos dois sóis, aqui é frio, muito frio)
E até cabem nós dois nus sob o cobertor.

Não tinja as paredes, Esfinge, gosto delas brancas assim.
Não apague a luz. Não grite alto, tão alto,
Que eu não compreenda a tua sinfonia.
Nem enlouqueça assim, com tuas garras de fera de fora
Que eu não compreenda a tua insensatez.

Não assim, Esfinge, não se dispa sobre mim
Com esses olhos de esfera de fora (que suportam o mundo)
Não se deite sobre meu corpo suado, já suado,
Meu corpo sepultado nos teus braços, no abraço.
Teu corpo sobre o meu e sobre o fim.

E assim não se vá, Esfinge, deixando uma porta fechada
E um coração de esfinge,
Um corpo dilacerado e um coração
Que te ve fim.


Manoel Guedes de Almeida
Teresina – PI, 23 de maio de 2010.

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