Numa manhã, foi assim que aconteceu
Apareceu misterioso em minha praia
E de forma enigmática
Aguçando meus pensamentos
Trepidando minhas emoções
Vinha de longe, de outro continente
Em mim veio atracar
Sua ancora fincou em minhas areias
Desbravando-me sem trucidar
Um dia se foi e minha água ao porto o esperou
Olhava o horizonte e nada via
Chorei grandes perdas, porque o mar também chora
Talvez eu não soubesse cuidar de nada
Desconheci quem conhecia
O mar também não conhece a si por completo
Ora revolto, ora brando, ora perdido na sua própria imensidão
A esperar por seus navegantes
Sem alarde ele surgiu, voltou...
Vislumbrante e destemido como outrora
Veio de Portugal em busca de relíquias
Desponta no Brasil para uma pausa
Eu sei de onde ele vem
Não sei para onde vai, o vento é que enche suas velas
Sou o mar que incentiva o sonhar
Seu mistério no mistério do meu mar
Vamos navegar...
(J.L.)