Poesia

O menino na janela

Havia um menino na janela.

Ele não brincava.

Mas assistia os outros brincando.

Ele não corria.

Mas assistia os outros correndo.

Ele não tinha amigos.

Mas assistia a amizade de outros.

Ele não vivia.

Mas assistia como era a vida lá fora.



O menino crescia.

Sempre ao olhar da janela.

Ele não estudava.

Tudo que queria perguntava na janela.

Suas aulas também eram pela janela.

Sua vida era reduzida ao observar a janela.



O menino cresceu.

Seu trabalho era na janela.

Sua diversão estava na janela.

Seus amigos todos estavam na janela.

Tudo o que ele tinha era aquela janela.



Nunca correu.

Nunca pulou.

Nunca viveu.

Toda sua vida estava na janela.



Sua namorada o conheceu na janela.

Seu filho nasceu sob o olhar da janela.

Seu divórcio foi causado pela janela.

O primeiro presente do filho foi uma janela.



Até que chegou um dia em que o mundo se reduziu aquela janela.

Ninguém fazia nada fora dela.

O normal se tornou a janela.

As doenças eram causadas pela janela.

A depressão geralmente surgia na janela.

A ansiedade era causada pela janela.

O mundo se destruiu por uma janela.



Talvez você querido leitor esteja apenas a olhar por uma janela.

Sem se dar conta que a vida se pas

sa e você não larga essa maldita janela.

Daniel B M O da Cunha Daniel B M O da Cunha Autor
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