ilustração: Rafael Nolêto
Linda jovem da tribo Acaraós*
Procurava um amor
Para não ficar a sós
E matar o seu calor
Sua mãe não permitia
Que a filha namorasse
Miridam se escondia
Com o índio que lhe amasse
Foi detrás de uma moita
Que tudo aconteceu
Miridam amou afoita*
E seu bucho cresceu
Quando nasceu o índio mirim
Ela tomou providência
Jogou o coitado no Rio Paraim*
Que índia safada! Não tem consciência!
A Mãe d’Água quando o viu
Salvou a alma inocente
Amaldiçoou Miridam
Por ser muito inconsequente
O rio virou uma lagoa
A grande lagoa de Parnaguá*
É muito bonita, de água limpa e boa
Quando se esta lá, o pensamento voa
O tal garotinho que a Mãe d’água salvou
Ainda aparece no meio da lagoa
Pela manhã é criança, pela tarde é adulto
Ao anoitecer é velho, na madrugada é vulto