Poesia

Suor de sangue

"Não há frutos nessa árvore.
Vamos corta-la!" - Disse o escravo ao seu senhor.
Uma semente que nunca foi passada para frente
Uma história que nunca foi lida e sentida
Só restou o vazio e a dor do nada
O que adiantou trabalhar na lavoura?
O que adiantou colocar as mãos no arado?

Se do bom trabalhador o pingo de suor reproduz
E do mal trabalhador, seca a terra.
A terra fica seca e árida.
Enquanto o mal trabalhador
Ao achar um pedaço de diamante se gaba
O bom trabalhador continua a cavar
Até secar a sua fonte
E o seu suor virar sangue

Enquanto uma da a luz a cinco, seis, sete e dez
Há aquela que só produz um
E como dizia muitas almas do passado
"Não há nada de ruim que possa piorar"
Aquela que só tem um o perde para nada ter
E tudo vira lágrimas, águas, rios e fontes
Tudo se acaba no nada

Se eu soubesse que a alma gritava
Eu não a sufocava com as porcarias do mundo
Me perdia nas esquinas e becos
Nos braços de amigos e colegas
Me perdia em mim mesmo muitas das vezes
E não havia ninguém pra me estender a mão
E a mão de ninguém me segurava com força.
Como senti a falta de um corpo amigo.

E enquanto eu,
continuo pendurando as minhas dores no varal
Tentando ganhar algo que me valha a pena
E com ela só recebo trocados furados
Trocados dessa dor vagabunda!

Luany Alves Luany Alves Autor
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