Vi a morte chegar sem aviso,
levando tudo o que eu não sabia segurar.
Minha mãe, minha infância,
meus irmãos que se foram sem que eu pudesse impedir.
Fiquei.
E desde então, só aprendi a ver as coisas partirem.
Vi corpos imóveis,
rostos feridos,
vozes que um dia foram cheias de vida
se perderem no silêncio.
E eu, sempre ali,
sem conseguir mudar nada.
Quando o amor bateu à porta,
eu quis abrir, mas minhas mãos tremiam.
Como oferecer o que nunca foi meu?
Como amar sem saber o que é ser amada?
Os medos falaram mais alto,
as ausências pesaram mais do que os gestos.
E outra vez, vi alguém se afastar.
Agora, só resta o eco do que foi dito,
o gosto amargo do que não foi feito,
a sensação de que sempre chego atrasada
para salvar o que importa.