Poesia

Alzheimer


Te olho
Mas você me vê?
Não fala comigo...
Às vezes
É como se eu não te conhecesse
Se o teu rosto
Não fosse é o meu
E fico apenas te olhando
Tentando identificar
O estranho que me olha
E tento puxar do fundo da memória
Teu nome, tua história
Mas há apenas o vazio.
Sorrio, acho engraçado teu rosto
Você sorri também
Mas não escuto tuas gargalhadas.
Fico bravo e te dou um murro
Mas quem sente a dor sou eu.
Seu rosto se contorce com a dor
Fica triste, fico também
Então me afasto
Sem diálogo
Sem uma palavra
Você some
Estou sumindo também
Aos poucos.

Tonne

 Antonio Oliveira Antonio Oliveira Autor
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