Fruto Delicado
Solidão, doce menina,
É um sentimento que destrói o coração.
Deixando a deriva,
Um sentimento que poderia ter vida.
Que veneno é este?
Que mata aos poucos,
Condenando-nos ao exílio,
Neste tempestuoso caminho,
Sem vida e sem salvação?
Não chores por mim moranguinho!
Este destino é de todos que,
Exilados como eu,
Vivem do sereno, do acaso,
Sem o elo do amor que os criou,
Esta dádiva que não os cativou.
Só você bela bailarina!
Que canta, dança e faz delirar.
Pode por nós recorrer,
Todo aquele que a ti encontrar,
É alma purificada,
Que irá se salvar!
Quando vejo teu bailado rejuvenesço,
Encho-me de amor, felicidade e desejo.
A tua alma serena acalma o meu ser,
O teu rostinho simples revive o meu bem querer.
Tu és o morango rosado dos campos,
Tão frágil quanto delicado.
Entretanto és peça mortal para este ser,
Que sombrio sendo,
Mata-me a todo o amanhecer,
Não há solidão que sobreviva,
A teu amor que há de me fortalecer!
Morta a solidão, o fim do exílio,
Os órfãos retornam aos ninhos,
Veem-se os morangos pelos campos,
Os amantes enfermos estão curados,
O teu calor materno os acalentou.
Sendo você a nossa guia,
Serás sempre nossa senhoria,
A grande estrela matutina.
Não obstante, ainda estou enfermo,
Sem saída para esta dor
Além do teu amor,
Que clamo sempre nas auroras,
Ansiando-o pôr todo tempo,
Não vendo outra saída,
Apenas em me torna teu,
E tu, eternamente minha.
O que fazer para ter o teu amor?
Atravesso os morangais e não a vejo,
O exílio a mim proclama,
A solidão novamente me ilumina,
Preciso dos frutos da tua flora,
Para restabelecer a minha vida.
Há moranguinho! Há moranguinho!
Vejas que teu perfume me enfeitiçou,
Que o teu bailado pelos morangais,
A muito me encantou.
O rubor do teu rosto, o corpo frágil,
O linho que desce da tua cabeça,
A íris em raios de sol que me observa.
Tudo culmina a ti pedir o teu amor,
Você é a doçura,
Que poderá findar com a minha dor.
Vem e me abraça forte,
Você é a cura desta dor que não tem fim,
Tu és o morango que vira citra,
Tua música acolhe os morangais,
Que acolha com o teu amor a minha vida.
Não há fruto mais perfeito,
Que o amor existente entre duas vidas,
Que pelo acaso se uniram,
E pelo acaso se eternizam.
Não há amor mais sincero,
Do que aquele vivido pelo eremita,
Ao encontrar a resposta da sua sina.
A minha resposta é você moranguinho,
A Artemisa há muito por mim requerida.
Tu serás a canção definitiva,
O elo do grande amor,
Que existe em nossas vidas.
Para acabar de vez com essa dor sombria,
E ser por mim muito amada.
Pelos morangais dos santos campos.
Mauro Veríssimo