Estavam em uma assembleia vários doutores do conhecimento: físicos, químicos, astrônomos e tantos outros. A discussão ia além de suas certezas acadêmicas, e avançavam rumo a conjecturas existenciais ao desconhecido: a natureza de Deus.
O astrônomo se adiantou: Bom, caso ele exista, imagino que a gravidade seja o tato de Deus, regendo os movimentos de estrelas e planetas, de forma infinitamente perfeita.
O químico incrédulo arriscou um palpite: não creio em Deus. Mas caso ele exista, certamente as leis da termodinâmica são o epicentro de suas emoções e sentimentos.
O físico alimentou o debate. Para Deus, o eletromagnetismo seria seu raciocínio e a força nuclear sua força de vontade para um ciclo ininterrupto de criações e transformações.
Enquanto o assunto fluía, o matemático propôs que deveria existir uma fórmula exata que alinharia todos estes parâmetros e descreveria Deus.
O programador pensava de forma semelhante, mas para ele Deus seria um mainframe de todas as coisas, um sistema formado por algoritmos que regularia cada força fundamental do Universo.
Chegaram a bióloga e o neurocientista e propuseram uma nova direção ao imbróglio: para eles facilitaria o entendimento de Deus se pensarmos no microcosmo e não no macrocosmo. Logo inferiram que as células, principalmente as neuronais, carregariam a natureza e os desígnios de Deus, em sentido e caráter progressivo.
Já o filósofo discursava no âmbito da metafísica, para ele a única forma de abstrair e transcender o entendimento de Deus, sem conceitos e regras, somente sentimentos subjetivos em um panorama de equilíbrio e justiça.
Ao fundo da sala permanecia um poeta, calado e divagando em seus pensamentos. Atento a cada opinião e muito mais, à natureza, aos seres que o circundavam e toda a sua trajetória de vida e conhecimentos obtidos. No momento que sua participação foi requerida, levantou uma pequena folha de seu caderno em que fazia anotações, no que recitou em alta e clara voz:
Se Deus existe e nisto eu insisto,
Ele está em tudo e em todos
No aperto de mão de meu semelhante,
Dizendo-me Aqui estou!
Não como insistem os panteístas
De maneira fragmentada,
Muito menos de forma egoísta
ou personificada.
Mas se Deus é um hausto que a tudo acolhe
Regendo as estrelas e os planetas,
Então não só acredito nele,
Mas Nele estou imerso,
Pois que todo efeito tem causa inteligente,
O que se dirá de nós e do Universo?
Buscamos respostas rebuscadas
E a chancela das escrituras e suas reminiscências,
Mas esquecemos de pequenos gestos...
Que de forma integrada,
Nos alinham aos seus desígnios e essência!
Sem dúvida estou em meio a grandes intelectuais
E a seu conhecimento me curvo,
Mas em matéria de Deus?
Ele está nos mais simples sinais,
E na imensidão de suas criações
A tentar explicá-lo eu não me atreveria,
Em cada progresso, sentimentos e suas conexões...
Só me rejubilo em proclamar
És Infinita Sabedoria.
Poemmus (06/07/2017)