Já nem sei há quantas vidas nos encontramos separados,
mas para o nosso reencontro, tenho muito me empenhado.
Como filósofo, ensaiei até a exaustão, a discernir seus sentimentos mais abstratos;
Outrora, como religioso, aprendi a orar, e ao me prostrar de joelhos,
supliquei aos céus por seu retorno aguardado.
A certo momento, acabei animando voraz guerreiro,
e em meio a tantas batalhas sem sentido, vertia sangue,
só para relembrar o tom escarlate de seus cabelos.
Não era o bastante, e ao me tornar alquimista,
experimentei os mais proibidos rituais mágicos,
para simular a perfeição de seu corpo.
Me arrisquei ainda como músico, para compor as melodias mais complexas...
Atrair curiosos, para me ouvir, era só um hábil plano,
pra reconhecer seu semblante em meio à multidão.
Certa vez, como astrônomo, me lancei ao infinito do Universo,
e a descrever incontáveis estruturas, em segredo,
comparava o centro das galáxias com os olhos mais lindos
que já havia me conectado.
Hoje como poeta, ouso a descrever o que é sentir,
e o quanto anseio a te reencontrar.
E se vivi inúmeras existências neste mundo tão vasto,
foi só pra repetir, incansavelmente,
o quanto tenho lhe amado.
Poemmus (20/03/2023)