Poesia

Viajando

Viajando...

Acordamos cedo, ou nem dormimos direito. Meu filho, aliás, transpirava ansiedade por todos os poros.
Eu o observava no colchão, ao lado da minha cama. Sua pele alva e limpa, no reflexo indireto da luz de meu abajur, dizia-me , na alma, a paz que encanta de amor, meu coração por ele.
O fato é que, de minha cama, imaginava o estrago do imenso vazio que seria minha vida, sem esse presente, que Deus, não sei se por distração, achou que eu merecia. Agradeci a Deus a imensidão valorizada na oferenda. Conforme meu coração batia,meus olhos molhavam meu travesseiro, com gotas de orvalho, pouquinho salgadas, que minha alma espelia e regava na gratidão concebida no momento iluminado.
Meu Senhor e meu Deus. Quero e espero fazer-me merecedor dessa dádiva. Não posso nunca zerar a dívida, mas, posso e devo amortiza-la com o fazer o bem aos seus outros filhos, na caridade da ajuda e no significado maior do crescimento dela.
Seguiremos serenamente a estrada que desembocará na verdade de viver essa verdade alimentando-nos de sinceridade.
Toda essa felicidade que transpiro , advém do amor, do respeito,do companheirismo e da mútua gratidão que temos um pelo outro. Isso é tudo. Isso é o ápice da conquista extrema e complexa do complemento da nossa vida. Viemos à terra para dividir bondades.
Sim, mas as malas já estavam arrumadas no carro. Tomamos café na casa de meu mano Buim e seguimos viagem rumo ao litoral. Só eu e meu filho no carro e a imensa estrada brincando de esconde-esconde.Descemos para lanchar e seguimos sem pressa,mas ansiosos por um abraçar de mar.
Ao avistar a imensidão azul,que desde o momento criança, se mostra, também, testemunha da existência de Deus,agradeci o útero que me agasalhou pequenino e cuidou-me forte para jogar-me aqui. É bom demais estar vivo! Grato mamãe e papai de todo meu ser. Espelhos vivos que me fizeram gente.
Sinto-me azul como as águas desse mar do Coqueiro. Sinto-me dono absoluto desse sol, refletindo grãos e conchas no brilhar amarelado, e sinto-me a criança mais feliz do mundo,vendo meu filho correndo na areia atrás de uma bola, dourada, como nossa vida.

Paulo Vilarinho Agaves, 11 e 12 de julho de 2011

Paulo de T Oliveira Paulo de T Oliveira Autor
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