Nosso corpo é um lixão encoberto por pele
Sobre a qual passeiam pássaros cinzentos
Pelos encravados, tatuagens ao vento
Feitas pelo pincel do grande arquiteto
Ou, talvez, pela natureza
Que também foi construída
Pelo arquiteto à ruína
Junto com nós, lixões
Nossos cheiros são sensações
Não do que bebemos ou comemos
Em todo aquele processo químico
Mas do que pensamos
E, por isso, fedemos tanto
Todos juntos, os lixos
Hospitalares, recicláveis, orgânicos
Praça de desejos contaminada
Em pânico
Somos nós
Fede! fede! fede! Fede!
O super homem de Nietzsche
Pode ser forte em imaginar
Em qualquer praia, rio se banhar
Que vai continuar a feder
Vish!
Ah! Certo quem diz
Os garis, pobres coitados
Quando forem
no condomínio humano pegar lixo
mesmo com teto de juiz
deveriam ser dispensados