Como um bebê que nasce sem saber
Eu ando, quase vagando, por aquela rua
É uma rua perfumada, com aroma de viver
Onde o sol aquece as pedras, uma a uma
Onde a lua regozija no bebê seu crescer
E diz ao céu: - esta rua não é minha nem sua
Lá, nesta rua, quando vou, eu me encontro
Meu corpo levanta vôo... meu ego está pronto
Os caminhos pela rua são medonhos
Muitas vezes sinto na sombra uma solidão
Melhor ter companhia dos bons sonhos
Do que a agonia de uma real indecisão
Bem melhor sentir os ventos risonhos
Que levam unidas a razão e a emoção
Faz bem ter a amizade do conhecimento
A paz pelos caminhos são frutos do merecimento
Como um bebê que nasce por nascer
Eu tomo o caminho da rua encantada
Eu durmo porque tenho que renascer
Eu dou passos: assim a alma não fica parada
A minha história, na história, há de merecer
Os aplausos honestos por sincera pegada
A vida é pura, e chora como um bebê em apuros
Sua doçura aflora quando sai de círculos escuros
A rua, que não é minha, não é singular
Ela invade os lugares mais distantes
Ela invade a privacidade do alheio lar
Ela invade a vaidade dos falsos amantes
Essa rua é tão grande como o ar
Cheia de mistérios dos ventos viajantes
A essência do deleito de viver a felicidade
É tirar proveito de não esconder a liberdade
Como um bebê que absolve o leite
E aquece o peito da alma feminina
Na vida, quem não se nutre e se deleite
Esquece que a mãe é uma calma ferina
Pronta para misturar amor ao eterno leite
Que nunca sacia a defesa materna à cria
A vida existe para o sentimento viver
E há o tempo para o amor bem crescer
Esta rua, que mais parece um labirinto
Não mostra seta de início nem de final
Nesta rua, o passo firme és distinto
Dentre o compasso do caminhar desigual
A rua foi arquitetada pelo amor que sinto
Por Aquele que na vida fez o bem sem o mal
A vida é uma rua onde deveres e obrigações
São de todos que nela passam com suas emoções