Eu, nada.
Nem católico, nem romano,
Muito menos apostólico,
Mulçumano, pai-de-santo, bruxo
Ou algo que o valha
Na amplidão das vestes enigmáticas
Das vestais, sacerdotisas dos templos
De Júpiter, Netuno ou, quem sabe, Eu,
Um Zeus metido no mundo
Esquartejado pela polícia do tráfico
Nos morros amotinada
Como seres feito humanos.
Eu, nada, um nada, sem nada,
Sem armas, sem deuses, sem casa,
Sem a proteção de Mercúrio
Que já não serve mais a Venus,
Que, enlouquecida, passou a viver
Nas catacumbas, fugindo da cruz
Pesada de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Que não agüentou a pressão, nem o sacrifício.
Não vale a pena tanto sacrifício. Para quê?
Nada. Eu, um nada.
Mas se me chamarem para o sacrifício,
Desisto, ou nego
Como Judas nas cercanias de Golã.