Enquanto tomo o copo do meu pesar
Marco outra vez o cinzeiro
E leio atrás do maço o aviso
Que aquilo me mata aos poucos
Mas não tão rápido quando teu desprezo
E quando outra vez o isqueiro
Alumia o castanho de meus olhos
Escondo uma lágrima, uma dor
E logo molho minha goela com o fel
Pra ajudar a descer o choro engolido
Abraço te ó esbórnia, abraço te
Pois tua ilusão me livra da dor da imperfeição
Da busca eterna por ser feliz a dois
Entre os descontentamentos da inquietação
E da loucura de achar que sozinho
Toda felicidade estará neste copo cheio
E no brilho deste isqueiro sujo
Que alumia este vermelho molhado
Dum olhar que ainda vê tua miragem.