A verdade que está presa no tempo
O amor que era apenas obsessão
Modificavam-se nos momentos
Em que clareava minha visão
Quantos dias atormentado
Pelas bobagens que inventei
Cometi contra mim tantos pecados
Masoquismo? Eu não sei
Atirado em teorias e indecisões
Muita suspeita, nenhum fundamento
Com esforço suportei duras lições
Que buscaram meu amadurecimento
Euforias e frustrações
Inocentes mas eficazes
Leves brisas e furacões
Cada qual com suas fases
Equivocada noção de tamanho
A ingênua insistência em engrandecer
É que o olhar de um estranho
Era o universo em meu poder
Em meus modestos devaneios
O impossível era meu aliado
Contudo, meus fortes receios
Conseguiam me manter calado
Uma insegurança arrasadora
Por ironia afastava de mim aquela missão
Amar e cuidar da pessoa moradora
Daqueles sonhos que pediam realização
Foi egoísmo, sim, eu sei
Mas de nada me arrependo
Pois no final eu que acabei
Lamentando e sofrendo
Singelos e profundos
Aqueles versos pioneiros
Mas por Deus, não me confundo
Jamais foram verdadeiros
Eu tinha minhas razões
Sinceramente, eu já sabia
Separados corações
Não era amor o que eu sentia
Hoje, tudo mudou
Meu ser e minhas convicções
A poesia é o que restou
Dessas quase contradições
Abril/2016