Mas deixe-me lidar sozinho
Com a inconstância dominadora
É bem-vindo o sincero carinho
Dessa alma moradora
Sem compaixão, sem troca
Tanta coisa me diz adeus
O sempre cessou e o nunca ainda sopra
Amor e ódio nos ouvidos meus
Nada surge diante do meu olhar
Nem os versos dos poemas que decorei
A promessa de um dia sonhar
Pouco importa no que me tornarei
Não prendo-me ao apego
De chorar pelo que não vivi
Se encontro em mim o aconchego
É supérfluo o que esqueci
Sem viver dias contados
Larguei mão da minha constância
Agora vejo motivos quebrados
Como frágeis brinquedos na infância
Finjo procurar no colo das manhãs
Um ímpeto proveitoso
Mas não preciso de vontades vãs
Para ferir o que antes foi doloroso
Homem de conceitos era eu
Ganhei as mentiras e até as verdades
Exigi o que ninguém prometeu
E ainda assim não lembrei das possibilidades
Agora tudo foi profanado
Foram-se as glórias após o sono bom
Tudo que consegui foi reconquistado
Sei a cantiga mas perdi o tom
Basta uma existência jogada nas sombras
Dos vencedores e dos vencidos
Sou inconstante e não abro meus olhos
Para pedaços de sonhos proibidos
Agosto/2013