Sei que fui insensato
Meus lábios sempre fechados
Não trouxeram o ato
Dos amores afortunados
Sei que fui indiferente
Esqueci que havia pressa
Eu, estável e descrente
E o tempo, tão adiante e depressa
Não trago marcas e cicatrizes
Sobre as coisas da alma eu desconheço
Pouco sei das suas feridas, suas crises
Mas quaisquer consequências eu sei que mereço
Foram tolices e bobagens
Nomes que soam mesquinhez
Mas podem ser impiedosas e selvagens
Destruindo a reputação que o coração fez
Proteger a alma dos males ao redor
Os discursos e ações em nada ajudam
A proteção cada vez menor
Reza pelas decisões que não mudam
Sei que muito fraquejei
Os erros hoje, já são mais que eu
Pois tudo o que precisei
Aos sentidos dissolveu
Os dias são os mesmos de antes
O sol e a lua passam sobre mim
Mas tudo é sempre igual
Uma penumbra que parece não ter fim
Só vivo para descobrir se há volta
Sinto esse profundo vazio
Que não é preenchido e não me solta
Aceito o castigo mas também o desafio
Se houver uma chance por menor que seja
De inverter a situação do corpo e da mente
Buscaria o que minh’alma doída almeja
Uma jornada para reverter esse martírio tão presente
Desfechos, conclusões e finais
Palpites sobre o que veio depois
Não vem tão naturais
Quanto ao que foi partido em dois
Maio/2014