Há sempre um pouco de razão na loucura - Friedrich Nietzsche
Para Airton Lima (Chuchu)
Eles despertam com as manhãs
Camuflados de dourados
Eles passeiam por alamedas e jardins
E conspiram entre o delírio e a insensatez
Como fazem outros tantos tresloucados da cidade
E aventuram-se a terem sido Reis e Majestade
Contam amiúde seus bárbaros delitos; se furtam a tímidos olhares
Na primavera colhem flores e apontam estrelas
Como se acendessem noites reluzentes
Profanam entre si, que de doido e louco todo mundo tem um pouco
Como se fosse possível blefar a loucura.
De perto se vê melhor; sabe-se bem.
Meus olhos perderem-se
Nas esquadrias do pensamento dela
A despencar-me em abismos, abissais desejos.
Oh mãe, impetuosa loucura
Dizei-me agora; Onde moras? Que país? Qual rua?
Qual relicário te vestiu?
Amantes de precipícios, pastores de nuvens
Intrépidos cavaleiros, afeitos a ouvidos de floristas
Sussurram atrevidos às orelhas do tempo
Música de moinhos, corredeiras de Rios e revoar de passarinhos
Eles têm o coração como esteio, e compartilham dores.
Dizei-me, então
Que arteiro te levou, que abismos.
Oh, Fada lúdica dos poetas, loucos, bêbados...
Cinen de Sousa e Acilino Madeira