Poesia

Soneto atemporal

Ontem me peguei pensando sobre o tempo,
sobre o que ficou entre minha euforia e meu lamento.
Sobre o que eu esperei e nunca chegou,
sobre o que me veio e sequer me alegrou.
Sobre o que cercou minha vida de monotonia,
ou o que me fugiu e me deixou aqui, nessa agonia.

Hoje também me peguei pensando no tempo.
Não se engane, ele muda tudo num só momento.
Eu, por exemplo, me enganei;
foram tantos "para sempre" que acreditei.
E terminei apenas na companhia da minha solidão;
eterno, acredite, nenhum coração.

Amanhã, talvez, ainda vou pensar sobre o mesmo tema,
a diferença é que não sei se o amanhã virá; esse é meu dilema.
No fundo, me amedronta cogitar esse assunto,
e já nem tenho certeza se respondo ou se pergunto.
É que, com certeza, você já ouviu que o tempo cura todas as vidas,
mas já te contaram que ele abre feridas?


(Ias Rodriguez, 2017)

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