O palhaço triste sem poesia,
sem música, sem esperança
e com o rosto borrado,
divide em seu olhar a decadência
de mais um espetáculo sem sorrisos.
São meros desafios de uma vida
solitária pouco vulgar que sapateia
entre luzes ávidas de sonhos calorosos
e um tanto infantis.
É o espetáculo indigno e injusto.
Cruel, faminto e trágico.
E na corda bamba, o circense bêbado,
cambaleia, faz mímicas e carícias
no vento antes de vir a tombar.
Cansado, pensa na vida
e olha as estrelas pela lona rasgada.
É só mais um número sem intervalo.
Mais um encontro no espelho com ele mesmo.
Faz reverências ao nada sob holofotes
que se apagam. E entre o lixo,
sem aplausos, adormece nas estrelas
de seu mundo secreto e mágico
de brilho e purpurina.
Embalado com lágrimas em sonhos
mutilados com fantasias coloridas
e remendadas.