Está ali, dormindo sobre a alma. 
À suspeita, à espreita; esperando só um momento oportuno para despertar. E só precisa de um coração inseguro pra começar a semear o horizonte de desertos. 
Enquanto isso, os reflexos do meu rosto me saúdam do outro lado do espelho. 
Horrível é o suplício de vivermos encarcerados na prisão de uma pose. 
E, de repente, o céu se enche de fantasmas. A vida, de esqueletos. A glória, de tristeza. A fala, de silêncio. 
De repente, só nos resta o medo. E, pouco a pouco, nossa alma se vai enferrujando. 
O que mais te amedronta nessa vida?
A mim, a solidão. 
Porque ainda não descobri onde fica a linha tênue que separa a liberdade da libertinagem. 
Onde mora sua coragem?
(Ias Rodriguez, 2017)