Ontem clamei a ti misericórdia
tu não pudeste desdenhar de teu proposito
- incessante
hoje a ti nada tenho a desejar
Ontem também chorei de medo
pois da carne não me resta nada
e do nada há de surgir tudo
- obstante
posso então a ti confiar meu ser
e esperar no tempo o porvir
aliás é tudo o que tenho
- restante
e na estante de incertezas
da minha sala de estar
coleciono poesias desgarradas
- da minha alma
que por penúria ousei roubá-las.