Ah os teus cintilantes e cerúleos olhos
Que pede que os cantes e por eles, olhe,
Que por eles, chore; toda m’alma, molhe.
Cuides que me descuido e não mais olho;
Não mais molho, olhos, n’ que me implore;
Não haverá talhe que me faça c’ que chore.
Se ao olhá-los, teu rosto me vira e me tolha
De olhar teus olhos, s’ que vida neles, colha.
Cegar-me! mas cego de Paixão já não o estou?
Cegar; calar o Coração, dizer-lhe quem eu sou?
Para que, ó ser, por que falar palavras em vão,
Se sede surdo, o Coração; alimenta a Imaginação,
Este. Sabendo que me não vos presta, me desfolho,
E quanto mais me negas olhares mais para ti, olho!