Horas perdidas, cruas e incontestáveis...
Talvez consumam o que há de melhor em mim.
Se deve ser assim, então porque não luto?
- Como é frágil a linha do meu coração mutilado!
Que dissimula, se encolhe, se entrega por fim...
Mora em ti a ilusão dos meus dias.
E o sorriso cavernoso do amor trapaceiro que ainda nasce;
- Como são leves as tuas asas e doces os teus desejos!
De tanto amor adormecido... ressurge, renasce...
Ainda consegues ouvir a voz que grita dentro de mim?
Abafada pedinte sempre em tom enternecido,
que me carregues nos braços quando eu cansar
e flutue na névoa branca do frio mundo que criei por ti.
Pó de sonhos soltos, fumaça, vento e plumas...
Sol morno de minhas buscas incessantes e intermináveis...
Se deve ser assim, então porque não há cura?
Dos dias que são tão noites e dos destinos pouco prováveis...
E em sonhos te vejo, cênico e cintilante:
Amor meu, sinfonia da loucura
Luz pálida nesta lua de marfim
És a sombra de uma estrela negra
Que sinto sempre presente em mim...
És o tesouro naufragado, neste oceano sombrio.
Farol de amores, sonhos perdidos;
És triste como o luar,
beijando o mar adormecido.
(Fecha a cortina)