Sou um pedaço de pão sobejado pela vida
Que alimenta moribundos pelas esquinas.
Sou um verso branco inoculado na veia do destino.
E tenho engaiolado no peito um canto de saudade.
Por que as noites
Sibilando andam as lágrimas dos dias que vão turvando memórias férteis?
Pelos trilhos corre um vagão que pulsa
Como no coração o sangue
Levando sempre adiante os sonhos
Das gentes que no corpo carregam o morrer.
Os trilhos fincam sobre as cidades, ares remotos, nas nuvens vão deslizando atravessam a abóbada e campeiam sobre ela.
Uma porta se abre...
O vagão deixou a terra.