Filha Da Noite
Bela senhorita
Oh! Escrava do deleite
Que sobre o prateado reflexo
Das debochantes estrelhas líquidas dança.
Feche os olhos e esqueça
Do morno hálito que beija teu o rosto,
Da quente língua que lambe teus os lábios,
Do carnal olhar que rouba tua a inocência,
Dos finos dedos que sobem tuas as pernas,
Das famintas unhas que cravam tuas coxas,
E das ferozes mãos que furtam tua a menina.
E quando
Os animalescos ganidos envolverem teus doces ouvidos,
As obscenas bocas beijarem tua escarlate face,
Os negros olhos gozarem teus belos seios
E teu vulgar útero absorver o quente suor,
Olhe no espelho e veja
Os ferozes lobos que seguram teus braços
E fundem-se lentamente a ti
Rasgando tua doce carne fresca.
Contorsa-te em tua própria imundice
Deixe os cristais rolarem por tua face
E com lâminas em tua língua
amaldiçoe a majestosa lua que só rouba para si
Aqueles tão belos
Tão puros
E tão virtuosos
Que os jardins celestes decorarão.
Entrega-te à aveludada noite senhorita
E permita que cavalguem em tua prateada pele
Até que as alvas rosas em teu jardim apodreçam
Uma
Por
Uma.