Ainda que os golpes do acaso perdurem,
Os céus pareçam contigo estar em fúria,
Teu coração caia em profunda vertigem,
E tua alma abrigue um oceano de lamúria,
Sinta-se grato pela mais miserável alegria,
Cultive em teu jardim o roseiral da paciência,
Contemple até os espinhos seus de cada dia,
Abrace as dores e as doçuras de tua existência.
Caso a solidão apareça em um dia nebuloso
Encare teus abismos e perversidades
Ignore a nuvem cinza ou o tempo chuvoso
Deixe raiar a luz da mais penosa verdade
Pois só torna-se bom aquele que se apequena
E torna-se tolo aquele que se engrandece
Feliz é aquele que busca da vida visão plena
Desventurado é aquele que de tudo se envaidece.
