Patrícia abre a meia-porta de madeira da cozinha
(O quintal estava recebendo os raios primeiros do sol)
Embaixo da mangueira antiga sua caçula brinca de casinha
Uma vassoura pequenina de palhas de carnaúba nas mãos
Vruc... vruc.. vruc..
... Arrastando as folhas secas...
Puxa o sofá de caixas de fósforos
O estofado é de papel de presentes
Ouve-a ralhar com a boneca
_Mimi, Espana os móveis direito! Essa menina!
Há um sorriso no tom de voz da criança
Após, caminha em direção a um pé de milho
"Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada..."
Ainda cantarolando, recolhe um dos vegetais
Acaricia com um sorriso tenro e brilhante os cabelos da espiga
_Minha filhinha vai gostar de ganhar uma boneca!
Retorna com a graça de uma borboleta volteando nas flores
Da porta da casa, com a xícara de café já frio
A mulher deixa a lágrima correr ternamente na face
Na casinha, a menina senta-se com a boneca de pano no colo
E fica a explicar da vida...
(Antologia 63.)