Poesia

Desço sem ânimo uma escada de desastres acumulados

talvez eu tenha medo do querido vizinho
pois ele me paga para traficar seus sonhos
talvez eu possa cantar sozinho em casa
mas quem canta só encanta os cérebros de bosta
talvez um dia desses eu me torne ator
e finja mais do que nunca, e como sempre, felicidades
talvez a saudade bata como um raio em minha porta
quando eu menos precisar
talvez as crianças possam me contar sobre onde vim
mesmo antes de nascerem
talvez eu seja louco
mas talvez, os loucos sejam todos vocês
que me amam, e me odeiam, sem motivo
e falam do meu senso de humor barato
e das redes de falsas amizades que não participo

sabe-se lá se meus olhos ainda falam a verdade
o que envolta minha visão é um mundo de falácias
sabe-se lá com quem os porcos do governo fodem
além de nós, mas esta DST não é para todos
sabe-se lá quantos são os pobres lascados
que enferrujam dentro dos poços da religião e da moral

não importa se sou novo ou velho
sempre sofro com os gritos de socorro na minha rua
ladrões, assassinos e estupradores
vocês são sustentados com meu dinheiro

sem querer
participo de uma facção criminosa

sem querer
pagamos por quem nos guarda uma bala na agulha

não tenho bem o que comer
e nem mais voz para gritar.

Vinicius F da Silva Vinicius F da Silva Autor
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