e esse nó na garganta
e essa vista embaçada
e o rosto sem mais espanto
e esse gosto de nada
Qual é mesmo o nome disso?
e o peso de um mundo caduco
na moleira da autoestima
que obriga a baixar a nuca
como a esses bois de usina
Qual o nome desse bicho?
e o fogo que queima o pavio
do carnegão da ferida
até derreter a cera
da vela dos suicidas
Pra que escapar com vida?
e essa espada de Dâmocles
lobotomizando os cérebros
e os cordeiros atônitos
mochos, sedados, ébrios
Quem traficou esse vício?
e essa placa de chumbo
sujeitando os tornozelos
para fabricar os escalpos
desses Sansões sem cabelo
Quem é o algoz do suplício?
e a prostração da honra
e o ultraje compulsório
dos mortos-vivos insanos
velando o próprio velório
...e ainda exigem sacrifício?