Roubaram a minha cidade
os carros crescem em quintais
as gentes embaixo da ponte
onde andam as andorinhas?
calaram a boca dos sinos
e uma procissão de buzinas
desfila a sua heresia
eu, um poeta sem lua
sem batente, sem esquina
me abrigo na poesia
onde estás, cidade minha?
a rua virou negócio
e eu me viro como posso
ando pra baixo e pra riba
tentando achar a cidade
para ao menos banhar a saudade
nas coroas do Parnaíba