Desfaço meu poema como quem desfaz um pensamento inútil
E a rua que me atravessa é larga
Larga e grande
Ninguém vê os detalhes da rua
A borboleta na flor
Os pássaros, pedras que armazenam o tédio do dia a dia
Quem passa?
O ser metafísico da moral?
Eu descarto tudo que é inútil
O útil jogo ao vento
Longe de mim a cegueira da moral
Sai de mim mera filosofia do nada
Eu sou do tamanho do meu pensamento
Estrelas do céu me ensinam
Que o brilho é longe, porém é lindo
Olho ao redor e vejo as fotos antigas
Nada muda!
Só a morte que carrega tudo
As coisas passam, eu passo, eu vejo
Quanto tempo perdi
Preso ao que não sou.