Eu escrevo poesia
escrevo de noite e me rasgo de dia
sou assim feito um frevo
escrevo apressado, tremendo,
tinindo
pois meu tempo é findo
e eu tenho agonia
em verdade, não escrevo
eu salto do trampolim
e pego um rabo de foguete
pra chegar em mim
sou assim feito um bêbado
entorno as palavras com a faca entre os dentes
e mergulho nas águas
pra ciscá-las com os dedos
embaixo de tudo
é que estão meus segredos
escrever poesia
é comer um doce
chamado ambrosia
outras vezes é coice
na monotonia
se assim não fosse
eu não escreveria