Poesia

estéril

bastam minutos de fricção para gozo
basta um leito para descanso
três refeições
chinelas de couro, camisa e calção limpos
ou que não fedam
como fedia o homem acampado no quintal de casa que me fez dormir com seu fedor de causos absurdos impregnado nas narinas

se feder, que feda como quando fedi n’um transporte coletivo lotado às 14 horas de um dia comercial chuvoso tropical tangido feito gado, feito bêbado
arquejo janelas cerradas em suor

basta um salário de não se sabe quantos
basta um pai, uma mãe
um avô que repousou cabeça sentindo pulso da terra, saiu de caminhão para são paulo perversa n’uma solidão febril, prestou serviço, alimentou filhos netos bisnetos hoje em berços fumando e bebendo de pijamas

Brasile Al Andalus Brasile Al Andalus Autor
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