Poesia

Rivers of Babylon

Rivers of Babylon

PARTE I
amedrontados pela possibilidade real da dúvida
oremos por São João a convulsionar sob a visão do apocalipse monopolista corporativo
quatro cavaleiros marcham por últimos dias de violência e terror
aguarde por favor
caixas luminosas revelam o sabor da existência; parabólicas dançantes no seu estado de excitação
em Mesopotâmia suam como bichos, defendem-se do calor
Propagandapessoal em telas diárias; conexões capilarizadas
sem atentar que os rios já se tocam, todo o povo já se
cheira, a vida existe e é nada
inadiável trânsito de informação ainda que tarde o pão
invadem com o cano enferrujado na boca do capital imperador enquanto aquela gente aguarda, ávida pela liquidação
olhos sob vertigem lacrimejam ante o abismo da mediocridade
carpideiras aniquilam-se em seu lamento, armadas com a vaidade teimosa do viver ruminante
espremem o sulco espiritual de inábeis psicóticos depressivos exilados pelo tradicional juízo do pó de arroz de narigudas sinhásdondoca patrimonialistas
homensbomba do califado ocidental delirantes diante do Ego
remendam a miséria na perpétua produção de fetiches osmóticos
lombra azeda de suplementos metafísicos introduzidos no reto produzem o pus de furúnculos ditatoriais em erupção
supositórios modernos socados na carcaça magra d’um exército de técnicos telepatas
cenários institucionais com fogo arrasam ocupações de
taipa do povo oprimido por edomitas que derrubam Jerusalém ao chão
na rua dos Negros as casas calojis do teto de palha resistem nos batuques e folguedos sobrenaturais
escravos cantam e choram entre os rios da Babilônia com saudade de Sião
Afrocaribe de cocais coberto de lama na beira do Poty e Parnaíba
nativos humanoinsectóides macrocéfalos
cabeças de cuia por debaixo das pontes balançando em
redes de bit recriam o Reisado, o Bumba-Meu-Boi
regurgitam anuros cururus umedecidos pelo leite venenoso espremido de glândulas granulosas imaculadas

PARTE II
Assimilação despropositada de literaturas pelo processo
de estímulo neural;
bombas cerebrais de sódio potássio induzidas pela estética da infraestrutura escravocrata;
programação imperativa determinante de análise sequencial, decisão e repetição;
narrativas purulentas do eterno animam fiéis cotidianos
lógicofuncionais;
intérpretes sectaristas do banal enfurnados no luto de sua birrenta impotência
desencadeiam incalculáveis possibilidades sistemáticas e servem de processadores autômatos ao templo de Moloch.
Esgoto inunda o Centro abandonado;
bocasdelobo entupidas por dejetos do consumo patético patrício plastificado precoce publicitário de bens putrefatos;
a madrugada de ruas vazias rasgadas pela navalha exposta assassinato, enquanto moças ou rapazes mordem pescoços;
condes, rainhas, profetas, exploradores, radicais teocráticos à beira;
indigentes etíopes, ciganos, nômades, judeus, fumam pedras e encarnam tragédias em desertos de comunidades áridas;
cambaleante agir vomitado em arenas e púlpitos.

Atrás da casa de mãe no tanque de lavar roupa respirei a costa do Atlântico;
acende uma vela branca de cera, oferece a pai Ogum que te guarda e entrega pro mar teu agrado;
recua uns três passos ao menos, te vira e vai-te embora.

PARTE III
N’uma quente madrugada
Entre o sujo de cortiços
Azucrinam-se juízos
Cantoria atuzingada
Maquinaria pesada!
São socados n’um galpão
Em perpétua produção
Metalúrgicos insones
Terror de cigarrahomens
O açoite sem perdão.

Milagres que testemunho
Sem as vestes e calçados
Trânsito de meus recados
Por estímuloconsumo
Mercador do suprassumo
Quintessência da vaidade
Disposta comunidade
Rema rios da incerteza;
Ter comida sobre a mesa
Foi maior prioridade.

Vivo vidas em cidades
Silhueta corpo mar
Delta vi arrebentar
Sacrifício castidade
À razão sem tempoidade
Permanência em fluxogramas
Prático enredotrama
Propagandas do pensar
Promovem teu bem estar
Flagelo será o drama.

Junto à peste e as queimadas
O efeito da opressão
Reza ou mobilização
Casasgrandes sequestradas
Senzalas esquartejadas
Entre a espada e a cruz
Homicídio reconduz
Iniciam de menino
O homem vira assassino
Na falsa visão da luz.

Brasile Al Andalus Brasile Al Andalus Autor
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