Um dia desses desvesti um poema.
O vi arder na dor primeira de quem perde sua rima mais pudente.
Ouvi chorar baixinho
E a cada verso despido,
Surpreendente!
Quando mentem, são também feitos de carinho.
Descobri-me então um réu confesso
Preso nas entrelinhas de um corpo
De quem em mil palavras não cumpridas, me despeço
E confuso volto ainda mais disperso.
Um dia desses existi no poema
Nele fui julgado e prazerosamente condenado
A beijar em sua métrica
Suspirar em seu ritmo.
E pra sempre tê-lo em poesia comigo.