Pela fresta do vestido sensual
vejo o comércio de corpos
corpos de mulheres
corpos de crianças
anjos imberbes
quase nus pelas ruas
nas mãos de homens infames
com seus desejos de bestas
que compram os seus prazeres
mas que não podem comprar
a alma daqueles corpos
que se vendem por um pão
Pela brecha do tecido social
vejo o comércio de almas
na política, no negócio,
na carreira, no poder,
na ganância todas elas
se entregando,se vendendo
com volúpia, sem pudor
nesse cínico balcão
com todos fingindo não ver
o mercado negro das almas
onde a honra e a vergonha
andam nuas se ofertando
em busca de posição