Aos nacionais líbios, legitimados pelo sonho de um futuro melhor.
No despontar da aurora o grito atravessa a massa informe.
O estrondo fulminante abala de vez a precária estrutura.
Horrores aflitos; abraços sem nexo; carrascos em fúria beijando a miséria.
Os aviões derrubam o forte. A rouquidão do estampido, sem misericórdia ou apelo, penetra o esconderijo mercenário.
Estremece o lado podre da face. Revelam-se as ambições enrustidas e os massacres ocultos: Memória indelével do sangue jorrado aos prantos.
Empurrada ao precipício fatal, amarga e em desespero, sucumbe a sedenta dinastia: sentença sumária invocada ao sol.
Medalhas sobre o busto; comendas; botões e estrelas gemadas. Tudo se vai na efusão implacável.
Resta o vestígio do homem-Estado. Caldeira de pus lançada ao vento. Porção diária do esporro de vida.
O Povo ocupa praças, ruas e avenidas. No punho o estandarte de um sonho se ergue.
A poeira espessa desce aos pés do levante já disperso.
Festejos e banquetes. Rojões estridentes. Arranjo de flores deixado na escada.
Não é a morte que celebram. É a vida, a voz e o amanhã em primavera.
Ainda infantes na descoberta, vencem o tirano, rompem os grilhões e avançam em verdade na esquina da história.