MÃE PRETA
Mãe preta que zelas pelo filho do Sinhô
Zelas também por teu amor!
I
Sinhá, Sinhá, não chores,
Mãe preta está aqui!
Sou eu que embalo teu sono,
Sou eu que te dou consolo,
Não chores, Sinhá, pois já estou
A te embalar!
II
Nas noites maldormidas e sonhos ruins,
É tu, Sinhazinha, que chamas por mim.
Os primeiros passos, as primeiras letras
Do teu balbuciar, é mãe preta que te ensinou a falar!
III
Mãe preta, que aos primeiros colostros
Tu me destes, a nutrir-me, com teu leite cativo,
Oras por mim, cuida de mim, e livra-me dos meus inimigos.
IV
Mãe preta, que cuida e zelas pelo filho do Sinhô,
És mãe também dos filhos do teu amor!
Lá na triste senzala está vosso filho, chorando, chorando.
E tu, mãe preta, na casa-grande, embalando, embalando!
Marcelo Ferreira de Arêa Leão (Teresina, 10 de setembro 2015)