Poema reflexivo
Espanto-me ao pensar que existo
e castigo-me por este limitado pensamento
que não durará mais que uma breve vida.
Sofro inconformadamente.
Sofro tanto porque este ínfimo pensamento não conhece sequer a si mesmo,
não conhece sequer suas próprias sutilezas e misérias
Que dirá das doutas estrelas, galaxias e da antimatéria?
Miro o céu com olhos contemplativos e insignificantes,
Olhos de criança perdida que a tudo desconhece.
Olhos que pelos caminhos e pelas ruelas errantes
Não tem sequer um amor que um peito vil merece.
Metafísicas inexatas, robustas e delirantes,
São o olhar que a mais simplória vida enaltece,
Que o medo faz transformar em extensa prece,
E que o peito só consegue transformar em arte.