Poesia

Despedida

Despedida

...virou-se e foi embora sem se despedir, sem dizer que me amava ou que sabia do meu amor por ele. Simplesmente, virou-se e foi! E, ao passo que se afastava, aproximava-se de mim uma sensação estranha de dor e vazio. Acho que eu já havia sentido isso antes, mas não acompanhada de visão da partida.
“Ele foi sem se despedir”. Repetia meus pensamentos a mim. Comecei a fechar os olhos para não estar presente nesse momento. Usei as mãos que tanto o acalentaram, para tapar os ouvidos, a fim de não ouvir a voz gritante de meus pensamentos...
Ainda é possível ouvir os passos firmes, indo em direção a despedida.
Se ele tivesse me dado à oportunidade de me despedir...
Se tivesse me pedido para pedir que ele ficasse...
Talvez assim, ele não teria partido. Não sem se despedir.
E, se eu tivesse ido ao invés dele? Ele não teria ido, não do jeito que foi! Por que assim, eu não daria a ele a oportunidade de partir.
É desumanamente desumano partir sem o adeus, o último beijo, o abraço apertado, as palavras com a voz trêmula, olhos cheios de lágrimas, sem dar ao outro a oportunidade de chorar.
Sei que eu deveria ter sido mais desesperada, chorado mais, sofrido, gritado até, mas eu não estava preparada para esse momento. Se ao menos ele tivesse me avisado com antecedência, talvez assim, na hora marcada, eu não sofreria tanto, ou estaria preparada para a visão mais triste: a da sua partida!
Mas, agora pensando melhor, ele sempre me preparou para esse momento e eu sempre preocupada com sua presença, nunca entendi. Afinal por que nunca tomamos café juntos? Por que nunca fomos ao parque? Por que nunca...?
A rigidez de todos os seus gestos sempre apontavam para a partida:
Ele nunca ouviu minhas lamentações... E isso é sinal de quem não quer ficar...
Ainda lembro com detalhes do momento em que ele se foi:
Estava vestido de frieza, com um olhar estranho e na boca, o silêncio...
Apenas ...virou-se e foi embora sem se despedir!

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