ó céus!
Teus mistérios me abalam a alma.
É como trocar minha calma
por centavos e quinquilharias.
Tanta inexatidão
fez tudo perder o sentido...
Fez-se mais breve meu coração
e meu peito mais dolorido.
Fiquei na superfície.
Deus, permita-me ser profundo!
Se não me entregas o mundo,
faz-me conhecer a vida!
Há tanta metafísica nas flores.
Por certo, há metafísica em tudo.
Se os meus olhos choram ou ficam tristes
minha alma diz-me que as lágrimas não existem.
Nada em mim virou amor.
Ou o amor nada virou em mim?
Não sei.
Só sei que a noite calou
e de dentro de mim ouviam-se gritos.
O tempo bateu-me à porta.
Abri e ele estava rindo.
Também ri.
Partiu ele, então, desiludido.
O tempo é como essas pessoas rancorosas.
Se te ver alegre, entristecem...
Se te ver triste, partem rindo...
Mas isso não é metafísica!
Novamente fiquei na superfície!
E o corvo de longe me observa e fala:
Coitado!
Há mais coisas entre o céu e a terra
do que sonha tua pobre filosofia.