Quantas vezes o meu olhar se fez triste
e o meu eu solitário tinha a noite como única companhia.
A solidão ocupava todos os espaços
e as palavras perdiam todos os sentidos.
Os uivos distantes não significavam nada.
Minha alma era puro sangue, dor, sacrifício.
Um anjo cambaleante me atirava um olhar fixo.
Meus olhos úmidos não revidavam...
perdidos que achavam-se, desiludidos.
Um cântico tênue me falava
que desde a criação meu corpo seria o castigo,
minha alma prisioneira
e minha mente um abismo.
A duras penas eu tentei reerguer-me,
mas sempre eu mesmo me castigava.
Vinha o corvo e cantava:
Pela glória, pela glória de tudo que o fiz
deixem-o sempre prostado o que o chamam Luís.
A duras penas os meu olhos choravam
e a glória que declarava
nunca houve nem a senti.
Nunca os meus olhos brilharam
por um instante que os quis.
O tempo, como julgador implacável,
no campo devastava as flores.
Não me era permitido ver a quem eu devia.
E o meu credor de dentro de mim falava:
Pela glória, pela glória
na eternidade na noite jaz
e não importa o que tú faças
o mal não se desfaz.