Se as palavras me viessem nessa hora!
Trariam consigo todos os beijos em orvalho
E a doçura do toque em minhas mãos,
Nessas linhas que se transformam em palco
Para o nascer da expressão.
E se viessem acompanhadas,
Não seriam tão somente de lágrimas perfeitas,
Dores do âmago,
Mas também de sorrisos, delírios
E olhos molhados em verdadeira emoção.
Porém,
As palavras que outrora sugaram as primícias de minha alegria
Afogam-me num presente mudo e sem dedos no coração
Ora! Quem precisa de palavras?
Secas palavras!
E quando molhadas,
Envoltas em mágoas,
De um frio disfarce da interpretação.
Na verdade,
A ti reverencio vitais palavras!
E necessito
Tanto daquelas que partem dos meus lábios
Como dessas que se movem em meu interior
Sábias, judiciosas, às vezes inimigas e maldosas,
Pois me conhecem tão perfeitamente
Mas me negam o discernimento da vida sem versos, sem pena,
Deixando-me viver sob iminência dos sentimentos.
Agora, me sobram folhas e linhas!
Dorme triste meu poema!