Poesia

MINHA FILHA, MINHA FLOR

MINHA FILHA, MINHA FLOR

Em Teresina, eu tinha amada casinha
Em São Luís, esperava criancinha
Corri feliz para minha cidadezinha
Para meu filho ter naquela terrinha.

Em setenta e cinco ele chegaria
Por parto natural, que agonia!
Totalmente superada pela alegria
Ao ver bela criança e também sadia

Dois médicos me assistiram na ação
- Um na cabeceira, total dedicação
Sua conversa era pura orientação
O outro falou: - Primípara, atenção!

Uma enfermeira entrou e suplicou:
- Doutor, venha, precisando estou
Ele respondeu: - Não posso, não vou
- Como sair, tô ocupado, exclamou!

E, sem cessar, repetia com vigor
- Força, força, seu bebê já apontou
Um tempinho mais e ele eu lhe dou
Depois, alívio, e o choro se alastrou.

Uma voz feminina meu ouvido gravou
- Menino grandão! Vitoriosa, bradou
Já tem nome? Outra pessoa indagou
Respondi: Tenho não, só muito amor.

Um alguém curioso me interpelou
- Outro, quando vais ter, já pensou?
Devolvi: - Outro não, outra logo vou
Ouvi então: - Ela é corajosa, doutor!

Na ocasião, minha preta imaginei
Abraçada ao Nego, emoção vivenciei
Um já estava comigo, radiante fiquei
A outra, no pensamento antecipei.

Anos depois em Teresina empregada
Porém em São Luís domiciliada
Nova gravidez, criança esperada
Fui para casa aguardar sua chegada.

Mamãe na outra semana viria
Mas em seu lugar notícia saberia
Tratamento de saúde enfrentaria
Desta vez, seu zelo eu não teria.

Fevereiro, flor desabrochada, vibrei
Dia dezoito, na Ilha do Amor, ganhei
Na sala de parto, realizada escutei
- Menina saudável, grande. Chorei!

Vendo-a decidimos que pra batizar
Rachel, na Bíblia iríamos buscar
Sâmia, seria usado para suavizar
Sousa Sales Silva, pras famílias saudar.

Minha filha, minha flor, rosa singular
Perfeita, peço permissão pra reprisar
Educada, obediente, fina, exemplar
Alguém do seu porte como imaginar?

Mas, para a natureza não contrariar
Um único espinho tinha que restar
E aí vem a dor, o terrível vestibular
Não é que a moleca temia enfrentar.

Oscar ouvindo, me dizia com aflição:
-Esta menina, filha dos pais que são
Estudiosos, como aceitar tal refrão
Resolver isto, insistia, é sua missão.

Ao concluir o ensino médio optou
Por Ciências Sociais fazer e passou
No entanto, ali não se encontrou
E a fazer vestibular, continuou.

Um dia, uma peça ela me pregou
Farei vestibular pra Odonto, falou
Depois exultando em casa entrou
Passei, terceira vez, grata Senhor!

Corri para ver a relação de aprovado
Procurei seu nome com cuidado
Apurei a vista e não o vi anunciado
Ouço: -Procure na lista de advogado.

Foi difícil ver minha nega partir
E, para Campina Grande seguir
O único alívio, afirmo, a sentir
Foi seu pai morar perto dali.

No seu retorno, correria ocorreria
Oscar, um belo dia decidiria
O carro dela comprado ali seria
Aflita fiquei, ia dar aula, atrasaria.

Ele insistiu: -Vi um bom, vamos lá
Pois na loja ele não vai demorar
E fomos às pressas o Fiesta buscar
Para ela receber ao desembarcar.

Se ela sozinha era festa todo dia
Marcos e Heitor o time completaria
E ainda o Rafael e Patrícia, sua tia
Melhor: Vizinha, para sempre seria.

Neste 2015 ela resolveu inovar
E seu aniversário vir comemorar
Em João Pessoa e os irmãos juntar
Lamentando Hugo e Tarcísio faltar.

Assim, só me resta a Deus acariciar
Por com preciosa filha me privilegiar
E os votos de felicidade renovar
E vida longa e feliz lhe desejar.

Rosângela Sousa
Disney-Orlando, fevereiro 2015

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