Filho meu, não morrerás!
enterrar um filho
é assistir ao vivo
o próprio funeral
é um punhal sem ponta
a amputar a sombra
e salpicar de sal
a pele dos escombros
Não morrerás, filho!
para não fechar as saídas
do corredor do tempo
( predador do infinito)
teu elo é o que desvenda
a senha de uma raça
embora em hieróglifo
estejam os mandamentos
Não morrerás antes de mim!
fica proibido por decreto
estamos combinados:
eu serei o fim
o último finado
somente morrem os pais
os filhos são perpétuos
e sempre estarão vivos
para gerarem os netos
Não morrerás de véspera
filho que gerei
ou eu, circuncidado,
o pai, serei o deserdado
de tudo o que leguei